segunda-feira, junho 21, 2010

Pequenas palavras na madrugada



Sinto falta do que passou, quero voltar a alguns meses atrás e refazer, repensar, reviver tudo aquilo. Quero muito. Minha ansiedade me consome enquanto ouço músicas que me lembram os dias que se foram e que não voltam mais. Nunca mais.
Quero viver novamente tudo aquilo.
Akiharu, 2010.06.22 : 01h01


Stay awake, get a grip and get out
You're safe from the weight of the world
Just take a second to set things straight
I'll be fine, even though I'm not always right
I can count on the sun to shine
Dedication takes a lifetime but dreams only last for a night


Jesus, does anyone?

Eu vi um filme outro dia com meu pai, um filme que há tempos eu queria ver... um filme chamado Stand by Me (Conta Comigo). Meu pai ficou fissurado em me mostrar tudo que ele sabia do filme, chegou até a me mostrar uma música do Renato Russo em que ele cantava Stand by Me.
Mas uma coisa que ele me disse estava certa... é um filme lindo, com uma poesia fina. Um filme lindo e emocionante, não por ter efeitos especiais, morte, guerras, lazers nem nada disso... é um filme lindo por contar nada mais do que a vida. E não é a vida de alguém importante, como um jedi ou o presidente dos EUA (o que eu, particularmente, não acho tão interessante assim). Não, apenas a vida de gente comum, quatro amigos de doze anos que, como qualquer garoto -não, como qualquer criança- gosta de aventuras bobas, acha importantes perguntas como "o que o Pateta é?". Nada mais do que a vida assim, pura e simples. Por exemplo, uma das cenas mais incríveis só por ela mesma é a cena em que um dos meninos, o que perdeu o irmão, vê um veado passando pelos trilhos de trem. Ele olha pro veado e o veado olha pra ele, eles ficam se encarando por um tempo até que o veado vai embora e depois, quando os outros acordam com o barulho do trem, ele -na versão que narra a história- conta que ele nunca falou sobre o veado pra ninguém, só pelo fato de não querer contar que viu um veadinho passando. Nada além da mente interessante de uma criança de doze anos.

Mas o final é, talvez, a parte mais legal pelo que o narrador -o que viu um veadinho- escreve sobre a amizade que eles tinham aos doze anos... e que, por mais que eu já saiba disso, me tocou bastante. Realmente, por mais amigos que nós façamos quando cresçemos, ficamos jovens, adultos e até velhinhos... eles nunca serão como os primeiros amigos que nós tivemos, aqueles de quando éramos crianças. Porque, quando se é criança, é tudo muito mais simples. É a época em que brigamos por uma bala e nos reconciliamos por um biscoito. É a época em que fazemos tudo o que queremos fazer, pois o que queremos é muito fácil. A época em que nosso sonho é poder voar, é a época em que o futuro é a semana que vem (não a faculdade ou a aposentadoria ou a morte), é a época em que nossos amigos serão amigos para sempre, mesmo que para sempre seja só até as férias acabarem. Afinal, quando se tem doze anos, as férias parece que são pra sempre, a vida parece que não tem mais fim.
E essas amizades, essas de quando se tem doze anos, provam que não é há quanto tempo se é amigo de uma pessoa que determina se ele é seu melhor amigo. É o que ele faz pra provar essa amizade, melhores amigos não são os melhores porque são há mais tempo, mas são amigos há mais tempo porque são eles que ficam, porque são eles que são os melhores. E quando a gente tem doze anos, nem percebe isso.

"As time went on we saw less and less of Teddy and Vern until eventually they became just two more faces in the halls. That happens sometimes. Friends come in and out of your life like busboys in a restaurant. I heard that Vern got married out of High School, had four kids and is now the forklift operator at the Arsenal Lumberyard. Teddy tried several times to get into the Army but his eyes and his ear kept him out. The last I heard, he'd spent some time in jail. He was now doing odd jobs around Castle Rock.
Chris did get out. He enrolled in the College courses with me. And although it was hard he gutted it out like he always did. He went on to College and eventually became a lawyer. Last week he entered a fast food restaurant. Just ahead of him, two men got into an argument. One of them pulled a knife. Chris who would always make the best peace tried to break it up. He was stabbed in the throat. He died almost instantly.
Although I haven't seen him in more than ten years I know I'll miss him forever. I never had any friends later on like the ones I had when I was twelve. Jesus, does anyone?

Muitas das minhas amizades de quando eu tinha doze anos estão aí até hoje... algumas pessoas eu percebo que estão mais distantes, outras continuam resistentes. E até amizades mais antigas, as mais primeiras amizades, algumas se foram... outras estão indo embora paulatinamente da minha vida. Mas mesmo que eu não lembre mais da cara deles quando ficar um pouco mais velha, alguns eu já não lembro o nome, eu tenho certeza que vai ser muito, muito difícil achar amigos tão bons, que tenham uma tão simples amizade, tão fácil e divertida, como esses que eu tinha.
Mas isso não os fará menos amigos. Só menos crianças.


Afinal, como Teddy disse: "and I'll only be young once"