segunda-feira, abril 29, 2013

Às vezes é domingo no meio da semana


A paz invadiu a sala
Espera, tô respirando?
Ótimo
Então não morri

Olho pros meus braços
Têm pele
E pele, olha que órgão estranho
A gente vê, cheira, lambe, lembra, morde, rabisca
Já tentou sentir sua pele?

E tenho carne, também
Estou pelado na sala
Só vejo carne revestida de pele
O ser humano é feito disso
De ser humano

A gente olha pra gente e acha normal
Dois olhos, um do lado do outro
Mas um só nariz
Uma só boca, mas com vários dentes
Pequeninos e diferentes
Partes moles e duras
Horizontais, verticais e amorfas
Eu tenho tudo isso
Pele, carne, dentes...

'Tô me "olhano" no espelho
Mas olha só o espelho
A imagem mais "verdadeira" que temos de nós mesmos
É absolutamente o nosso inverso!
E todo mundo acha isso natural
Pára de se olhar no espelho.
Pára, Eduardo, chega!
O ser humano é um animal deformado
Nada contra, não
Até gosto.

Não tem mais paz na sala
Foi pro quarto
Me esperar pra jantar e dormir
Encontrou lá um espelho e meus dentes
"Ei! Gente!
Por gentileza, tem espaço pra mais um?"

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